Aproximadamente 700 mil meninas engravidam, por ano, no Brasil. Deste total, nove mil t�m idades entre 10 e 14 anos e 50% delas acabam abandonando a escola para cuidar dos filhos. Os dados foram apresentados pela coordenadora do Programa de Aten��o Integral � Sa�de da Mulher, Sandra C�caro, durante a quarta audi�ncia p�blica sobre Planejamento da Vida Familiar: responsabilidade de todos n�s. Promovido pela Assembl�ia Legislativa, em parceria com a Comiss�o de Sa�de e Meio Ambiente e com o F�rum Democr�tico, o encontro aconteceu na manh� desta sexta-feira (19), na C�mara de Vereadores de Erechim.
Segundo Sandra, "com a gravidez indesejada essas meninas perdem a capacidade de sonhar e projetar metas para um futuro melhor, modificando definitivamente o rumo de suas vidas e promovendo um ciclo que tende a se repetir no �mbito familiar". Ela refor�ou a necessidade do tema ser abordado ainda na inf�ncia e dentro das escolas, como forma de disseminar a import�ncia do planejamento para o desenvolvimento das futuras gera��es.
O vice-presidente da Comiss�o de Sa�de, deputado Gilberto Capoani (PMDB) apresentou dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) revelando que no Rio Grande do Sul, a cada 400 partos realizados no Hospital de Cl�nicas de Porto Alegre, 100 s�o feitos em adolescentes e que, 18% delas com idades entre 15 a 19 anos j� ficaram gr�vidas ao menos uma vez.
Mais: uma em cada tr�s mulheres de 19 anos j� s�o m�es ou est�o gr�vidas do primeiro filho, e uma nesta faixa et�ria, a cada dez, j� tem dois filhos. Outros n�meros apresentados por Capoani mostram que 20% das adolescentes da zona rural tem pelo menos um filho, 54% menores sem escolaridade j� ficaram gr�vidas e 6,4% com mais de nove anos de escolaridade, ou s�o m�es ou est�o gr�vidas do primeiro filho. "Esta conscientiza��o a que nos propomos n�o � dirigida apenas �s classes mais carentes, mas a todas as pessoas que regram suas vidas pensando no futuro", salientou o parlamentar.

A experi�ncia que vem de Erechim
A gravidez precoce tamb�m � a maior preocupa��o do prefeito de Erechim, Eloi Zanella. Em 1998 o Legislativo municipal foi pioneiro ao aprovar a Lei de Planejamento Familiar e, desde ent�o, as nove unidades b�sicas de sa�de v�m auxiliando as comunidades a adotar m�todos contraceptivos, tanto para evitar filhos indesejados como doen�as sexualmente transmiss�veis. Para Zanella, "a responsabilidade n�o pode ser assumida apenas pelo Estado. A fam�lia � a base de sustenta��o da sociedade, e quando ela est� desestruturada � capaz de deteriorar esta base".
De acordo com a Enfermeira Materno Infantil da Secretaria de Sa�de de Erechim, Miriam Cecconello, mais de oito mil fam�lias est�o cadastradas no programa da prefeitura. Ela lembrou que, at� 1997, nasciam aproximadamente 1,8 mil crian�as por ano na cidade e, hoje, esse n�mero j� caiu para 1,2 mil. Quanto a incid�ncia de adolescentes gr�vidas, Miriam disse que o problema est� sendo enfrentado com o fortalecimento das iniciativas dentro das escolas.
O presidente da Assembl�ia Legislativa, deputado Frederico Antunes (PP), destacou que as medidas de planejamento familiar adotadas em Erechim s�o exemplo para o Rio Grande do Sul criar uma nova consci�ncia. Este, ali�s, � o compromisso do Parlamento ga�cho na primeira etapa do programa: levar informa��es, conhecer experi�ncias e formar uma grande rede estadual. "O nosso objetivo � disponibilizar meios para que as pessoas, com liberdade, possam escolher o melhor caminho para suas vidas, sem interferir na vida de terceiros. As pessoas, encontrando a felicidade, irradiam felicidade. E as que n�o a encontram, multiplicam infelicidade e frustra��o. Portanto, o nosso chamamento, com esta iniciativa, � � felicidade do indiv�duo", afirmou Antunes.
Por sua vez, o deputado Ivar Pavan (PT) enfatizou que a iniciativa da Assembl�ia congrega todas as for�as pol�ticas ga�chas. Entretanto ela n�o ficar� marcada como uma obra material, mas como uma obra na consci�ncia humana capaz de mudar a realidade e a vida de milhares de ga�chos. Disse ainda que, em 2009, quando assumir a presid�ncia da Casa, pretende dar continuidade aos debates sobre planejamento familiar.

Doen�as sexualmente transmiss�veis
Sandra C�caro afirmou que uma das maiores conseq��ncias da falta de cuidado no momento do ato sexual � o aumento da viol�ncia. Estudo realizado pela Organiza��o N�o-Governamental Brasil sem Grades apontou que a maioria dos jovens envolvidos com o crime n�o tem a figura do pai ou da m�e dentro de casa e que uma das alternativas para reverter o quadro � o uso de preservativo.
De acordo com a coordenadora, 40 milh�es de pessoas est�o infectadas pela AIDS no mundo, sendo a maioria mulheres. No Rio Grande do Sul, por exemplo, o v�rus � a maior causa da mortalidade em mulheres dentre 19 e 30 anos. "� importante trabalhar a auto-estima e a auto-imagem do adolescente, difundindo a import�ncia da intimidade pessoal", afirmou.
Sandra C�caro enfatizou, ainda, a necessidade do di�logo, sem preconceitos, baseado na realidade social e da divulga��o de programas de educa��o em sa�de pelos meios de comunica��o.
Tamb�m participam da audi�ncia p�blica os deputados Gilmar Sossella (PDT) e Iradir Pietroski (PTB), o coordenador do setor de Sa�de da Mulher da Secretaria Estadual da Sa�de, Carlos Quadros, representantes da �rea de educa��o e sa�de das cidades de Aratiba, �urea, Bar�o do Cotegipe, Erval Grande e Paulo Bento e o bispo diocesano de Erechim, Dom Jir�nimo Zanandrea.

Homenagens
Ao final do evento, o presidente Frederico Antunes e o superintendente-geral da Assembl�ia, Roberto Luzeti, receberam uma placa em homenagem aos 60 anos da C�mara de Vereadores de Erechim.
Da mesma forma, o presidente do Legislativo de Erechim, vereador Ernani Mello (PDT), tamb�m foi condecorado por Antunes com uma placa alusiva � instala��o do Parlamento ga�cho na C�mara para debater o planejamento familiar.

Roberta Amaral/Ag�ncia de Not�cias