Prefeitura Municipal de Erechim - Cem anos da estrada de ferro são homenageados em Sessão Solene

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04/08/2010

Cem anos da estrada de ferro são homenageados em Sessão Solene

Cem anos da estrada de ferro são homenageados em Sessão Solene

Cem anos da estrada de ferro são homenageados em Sessão Solene

 Secretário de Cultura, Esporte e Turismo, Edgar Paulo Marmentini e coordenador do Arquivo Histórico, Rodrigo Pereira receberam do vereador autor da preposição, Lucas Farina e do presidente do  Legislativo, José Mantovani, uma placa comemorativa que será instalada na Estação Ferroviária de Erechim

 

           A Câmara Municipal de Vereadores, através do vereador orador e autor da proposição, Lucas Farina, realizou na noite da última terça-feira, 03, a Sessão Solene em homenagem aos 100 anos da Estrada de Ferro, que trouxe o progresso e o desenvolvimento a Erechim e região do Alto Uruguai.

         Na oportunidade, além da presença de autoridades, convidados, alunos do Segundo Ano da Escola Haidee, acompanhados pelo professor de história, a memória viva através de ex-ferroviários que, além de darem seus depoimentos para a TV Câmara, também prestigiaram o momento histórico e de resgate da importância que o trem teve para o desenvolvimento de Erechim e região do Alto Uruguai.

         “Há 100 anos um trem passou por dentro de nossos vales e matas e deu a largada para chegarmSecretrio de Cultura, Esporte e Turismo, Edgar Paulo Marmentini e coordenador do Arquivo Histrico, Rodrigo Pereira, receberam a placa que ser instalada na Estao Ferroviria - Foto Carlos Alberto da Silveiraos até aqui. Hoje vivemos um novo milênio, um novo mundo, mas ainda com os mesmos sonhos, o do progresso e o bem estar social, sempre acreditando na força desta comunidade”, destacou Lucas na abertura dos trabalhos.

          Através do Decreto 10432/1889, o Governo Imperial concedeu a João Teixeira Soares a construção da estrada de ferro que ligasse o estado gaúcho a São Paulo. O engenheiro renegociou seus direitos com a Compagine Sud – Ouest Brésilien, empresa belga que passou a conduzir o processo de construção da ferrovia.

          Esta transferiu parte de seus direitos para a Cia. Industrial das Estradas do Brasil, da qual Teixeira Soares era um dos diretores. Os direitos da Sud-Ouest ficaram, então, restritos ao trecho entre Santa Maria e Cruz Alta.

          Novamente no ano de 1893, houve uma renegociação em que a Cia. Industrial transferiu seus direitos para a Estrada de Ferro São Paulo – Rio Grande. Um ano depois, esta repassou para a Sud-Ouest o trecho entre Cruz Alta e o Rio Uruguai (Marcelino Ramos), além dos ramais.

          A empresa belga acabou ficando com a concessão de toda a linha em território gaúcho. No ano de 1894 inaugurava-se o primeiro trecho até Cruz Alta; em 1898 até Passo Fundo. Em 1907, por Decreto Federal as linhas férreas a construir e explorar entre Passo Fundo e o Rio Uruguai foram incorporadas à Cia Auxiliare, em virtude do contrato de arrendamento com ela firmando em 1905, talvez um dos piores trechos a ser construído em função dos vales, morros, rios e grandes matas que constituem a beleza da nossa região, mas que na época causaram enormes dificuldades. Em 1909 o Decreto 7643 aprova os estudos definitivos e o orçamento do trecho final, no qual situa-se a Estação de Erechim, inaugurada em 1910.

          Lucas enfatizou que a construção e a ampliação da ferrovia contribuiu na locomoção, transporte, logística e barateava os fretes das produções locais. Com isso a região teve um impulso acentuado de desenvolvimento, e Paiol Grande foi consolidando-se como importante centro regional. “Criaram-se indústrias ligadas à extração da erva-mate e madeira, e muitas serrarias e depósitos de madeira podiam ser vistos ao longo da ferrovia. Logo após também surgiram indústrias de banha e outros produto suínos”.

          Toda produção de trigo e farinha era escoada pelos vagões da Viação Férrea, bem como, com o passar do tempo todas as linhas de produção, indústria e comércio se utilizavam do trem para desenvolver suas atividades. Erechim por muito tempo foi servida pelo trem misto Marcelino Ramos – Passo Fundo, parte de carga e outra de passageiros, o trem Noturno Paulista (SP-POA) e o luxuoso Internacional que fazia a linha Rio de Janeiro a Buenos Aires.

          “Hoje no município temos a oportunidade de visualizar as estações de Erechim e Capoerê que ainda sobrevivem ao abandono do passar do tempo, bem como os desvios Beker, Triângulo, Gotler, Cotrel, Corlac e outros que representam os pontos importantes de carga e descarga. A ferrovia é a mãe de Erechim, e é através dela que se desenvolveu a nossa cidade, dentro de uma necessidade de ordem capitalista, ligando os grandes centros econômicos e populacionais do País com o interior”.

          Lucas lembrou ainda que foram pelas linhas que vieram os imigrantes, viajantes, presidentes que, com os povos nativos construíram um sonho chamado Erechim. “Formaram-se comércios, cooperativas, escolas, igrejas, comunidades, clubes e indústrias. Quanta coisa boa e, passados os 100 anos de sua construção, não temos dúvida que a ferrovia foi o motor que fez crescer, deste chão, um pólo regional econômico e cultural no norte do Rio Grande do Sul”.

          “Não podemos esquecer que o preço do desenvolvimento deixa marcas em nossas vidas. Em um tempo em que ferramentas eram rudimentares, as matas eram fechadas, na construção de pontes, viadutos e trilhos, muitos bravos trabalhadores deixaram suas vidas. E, em homenagem a estes homens e suas famílias que ao olharmos para trás, nos perguntamos, foi este o lugar que nossos primeiros moradores sonharam. Nossa cidade era o Erechim dos seus sonhos?”, questionou o vereador.

          Finalizando, Lucas destacou que temos orgulho de quem fomos, e nos orgulhamos muito do que nos tornamos. “Hoje, quando paramos em frente as estações de Erechim e Capoerê, temos a certeza de que temos muito a fazer, muito a sonhar”.

         No ano de 1997 passou o último trem em Erechim. Junto com o esquecimento e o descaso com o patrimônio público muito se perdeu economicamente, culturalmente e socialmente com este isolamento do progresso e do desenvolvimento em geral da comunidade. “Hoje sabemos muito bem os prejuízos que tivemos com o abandono do trem, do enfraquecimento do estado e de seus bens públicos. Temos estradas que cortam todo nosso país, que matam mais que guerras e suas manutenções doem em todos os nossos bolsos. A ferrovia chegou em nossas vidas há 100 anos atrás e nos mostrou o futuro. Para os próximos 100 é impensável seguirmos em frente sem o uso dos trilhos”.

           O secretário municipal de Cultura, Esporte e Turismo, Edgar Paulo Marmentini, que presenciou a Sessão Solene ao lado do coordenador do Arquivo Histórico Municipal Joarez Miguel Illa Font, Rodrigo Alves Pereira lembrou que a ferrovia chegou antes e com ela o progresso. “Gostaríamos que o trem não tivesse ido embora, mas estamos com um grande movimento para a sua volta”.