Idosos são os que mais compram e número de vendas é considerado satisfatório para os farmacêuticos

         Muitas pessoas já tomaram por hábito realizar a compra de medicamentos na Farmácia Popular do Brasil inaugurada há pouco mais de um mês em Erechim. Olinda Borges Fontes de 79 anos, e que prefere ser chamada por Dona Nésia, é uma dessas pessoas. O medicamento contínuo para a pressão alta de que faz uso recebe gratuitamente do INSS. Os eventuais de que precisa busca na Farmácia Popular.

         Tirando da gaveta a pomada que o médico receitou para as manchas de sua pele, ela diz que na farmácia privada chegou a pagar mais de R$ 11,00 pelo medicamento. “Na Farmácia Popular paguei R$ 1,00. A diferença é muito grande, vale a pena comprar lá. Quando eu precisar novamente, com certeza vou voltar”, disse ao mostrar um folder contendo sublinhado os medicamentos que já comprou.

          Aproveitando a presença da recenseadora Alice Marcante e da sua supervisora, Simone Novakoski, que foram até a casa de dona Nésia para realizar o Censo, ela fez propaganda da farmácia elogiando o atendimento prestado. Mostrou a lista de medicamentos e convidou para que conheçam o local. “Meu marido usa medicamento contínuo, vou indicar a farmácia para ele também”, disse Alice.

Números

          De 22 de julho a 21 de agosto, foram efetuadas 582 vendas na Farmácia Popular do Brasil, totalizando 3.161 medicamentos vendidos. Os controlados somam 161 unidades vendidas. Para a farmacêutica responsável, Gisely Fistarol, o número é considerado satisfatório. “Conversamos com outras unidades de cidades com porte parecido ao de Erechim que se surpreenderam com a nossa quantidade de vendas”, disse ela.

          Entre os medicamentos considerados normais, os mais consumidos até então são a Sinvastatina (remédio para o colesterol), com 404 unidades comercializadas, seguida do Omeprazol (para úlcera gástrica), com 261 comprimidos, e da Metformina (para diabete) com 249 unidades vendidas.

Economia sentida no bolso

          A Farmácia Popular oferece 107 medicamentos com descontos que chegam a até 90% se comparado com as farmácias privadas. Ertman Gass, de 75 anos, pisou na farmácia popular pela primeira vez na manhã desta terça-feira. Com a receita de seu médico em mãos, disse que preferiu conhecer a farmácia e levar dali os medicamentos receitados para ele e sua esposa. “Antes eu levava para manipular mas agora vi que aqui é ainda mais barato. O que eu não encontro aqui, busco na farmácia normal”, revelou ele se referindo a privada.

           Segundo Gisely, os idosos são os principais clientes. “Logo que eles chegam é realizada a triagem e após o pré-atendimento, onde lhes é explicado sobre a compra do medicamento, o valor a ser pago por ele e sua posologia. Em seguida o cliente faz o pagamento e retira o produto, recebendo as orientações do horário em que deverá administrá-lo”, conta, dizendo que muitos idosos vão até a farmácia buscar a lista de medicamentos e levar para seus médicos para que, se possível, sejam substituídos pelos que a farmácia popular oferece.

          Entre os mais vendidos estão o de controle da hipertensão, colesterol, diabetes e úlcera gástrica. A Sinvastatina, por exemplo, foi o remédio mais vendido neste primeiro mês de funcionamento da Farmácia Popular. Este medicamento tem por função combater o mau colesterol e cada comprimido de 20 mg custa R$ 0,25 e a cartela com 15 comprimidos R$ 3,80. Em uma farmácia privada, o mesmo remédio com uma caixa contendo 30 comprimidos, pode ser encontrado por R$ 12,90 ou até R$ 19,90.

          Se alguns estão na lista dos mais vendidos, outros ainda aguardam o primeiro cliente. É o caso do Azulfin, ou Sulfasalazina, medicamento utilizado para o tratamento dos distúrbios intestinais inflamatórios. O comprimido com 500mg custa apenas R$ 0,40 ou seja, a cartela de 15 comprimidos sai por R$ 6,00. Em uma farmácia privada, o paciente pode pagar cerca de R$ 1,00 o comprimido, já que a caixa do medicamento com 60 comprimidos é vendida a R$ 60,40.

           Para o prefeito Paulo Polis a ideia é reduzir os gastos com medicamentos e aumentar com entretenimento. “Quando se diminui os gastos com a saúde pode-se aumentar com entretenimento, com vestuário, com viagens, lazer, enfim, com as coisas boas da vida”, destacou.

Receita médica é condição para compra

            A única condição para a aquisição dos medicamentos disponíveis nas Farmácias Populares é a apresentação de uma receita médica ou odontológica. Essa exigência busca evitar a automedicação, que pode causar intoxicações ou mascarar sintomas de doenças importantes. Conforme Gisely, para medicamentos considerados normais a receita é devolvida ao paciente na hora da compra, e a mesma receita pode ser apresentada por até um ano. Já para os remédios psicotrópicos, ou seja, os de venda controlada, a receita fica retida na farmácia.

Medicamento para Gripe A

          Há poucos dias a Farmácia Popular dispõe do remédio Oseltamivir 75mg com 10 comprimidos (Tamiflu), indicado para casos da gripe H1N1. Basta que o paciente apresente a receita médica que o remédio lhe é entregue gratuitamente, sem custo algum. No ano passado, com a pandemia da gripe em praticamente todo país, o remédio chegou a custar R$ 90,00 nas farmácias.

Divulgação

          Nesta semana, os farmacêuticos responsáveis, Gisely Fistarol e Rafael Marmentini começaram a divulgar a Farmácia Popular do Brasil. Eles estão levando para grupos da terceira idade informações de como funciona o programa, localização da farmácia, um comparativo de preços das farmácias privadas para a popular, além de responder as perguntas dos idosos sobre os medicamentos que utilizam. O próximo passo é levar informações para as unidades básicas de saúde, médicos, hospitais, cursos de saúde da URI-Campus de Erechim, grupo de diabéticos, órgãos públicos ligados a saúde, escolas e coordenadoria regional de saúde, sobre como funciona o programa. A Farmácia Popular fica na Av. Presidente Vargas, 418, ao lado da Junta Militar. O telefone é 3321-0390 e o horário de funcionamento das 8h às 18h, sem fechar ao meio-dia, de segunda a sexta, e das 8h às 12h nos sábados.