https://www.pmerechim.rs.gov.br//noticia/7029/hospital-santa-terezinha-esclarece-dvidas-sobre-doao-de-rgos
25/06/2013
Hospital Santa Terezinha esclarece dúvidas sobre Doação de Órgãos
A lista de espera para doação de órgãos muitas vezes é demorada e com barreiras, pois o número de receptores é muito maior do que o número de doadores. Por isso, a Fundação Hospitalar Santa Terezinha de Erechim, através da Comissão Intra Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos (CIHDOTT), desenvolve a campanha: "Doe órgãos. Doe vida. Seja um doador. Informe sua família", que é uma campanha continua e permanente.
A Comissão conta com uma equipe multidisciplinar de profissionais que realizam um trabalho de informação e conscientização durante todo ano. Este trabalho é feito através de palestras, blitz e entrega de panfletos.
Muitas palestras são realizadas em escolas com o objetivo que a conscientização da sociedade seja iniciada com os estudantes, incluindo o exercício da cidadania. Afinal de contas, os alunos de hoje são os futuros médicos, enfermeiros, cidadãos, governantes e potenciais doadores e receptores de órgãos.
Desta forma os integrantes da CIHDOTT esclarecem algumas dúvidas sobre a doação de órgãos.
Quando acontece a doação de órgãos?
A doação de órgãos acontece quanto há um paciente no hospital que está na UTI vítima de um AVC hemorrágico ou traumatismo craniano grave, que entra em morte encefálica. São realizados 2 testes clínicos feitos por dois médicos diferentes um neurologista e um intensivista e um exame de imagem. A partir deste momento a gente conversa com a família sobre doação de órgãos só a família pode decidir, parentes de até de 2º grau, tem que haver o fator sanguíneo. Crianças menores de 18 anos têm que ter a autorização dos dois pais, mesmo que tenha um padrasto tem que haver a
autorização dos dois pais biológicos. Marido pode autorizar e se não for casado tem que ter união estável. A família decide. A autorização pela carteira de motorista não é válida desde 2002.
Só a família pode autorizar a doação de órgãos?
Sim. Se o paciente já teve essa conversa em casa é muito mais fácil para a família decidir. Há muitos casos de pacientes jovens onde os pais têm que tomar a decisão da doação, mas eles nunca conversaram sobre isso em casa, pois nunca se espera que um filho morra antes que um pai. É muito importante a gente conversar é só dessa forma que se tem a doação. E não se deve pensar eu tenho diabetes ou tenho pressão alta e não vou poder doar depois os exames vão mostrar se os órgãos estão bons.
Quais os órgãos que podem ser doados?
Os órgãos que são doados em morte encefálica são fígado, rins, pâncreas, coração e pulmão. Há também os tecidos que podem ser doados em qualquer morte de coração parado que são ossos, pele e córnea. Então se o paciente morrer de uma parada cardíaca pode ser retirado a córnea, ossos e pele até 6 horas depois que o coração parar. Já para a doação de órgãos tem que ser morte encefálica onde o cérebro está morto e o coração continua batendo, o paciente vai para o bloco cirúrgico com o coração ainda batendo se retira os outros órgãos e o coração fica por último.
Como funciona a lista de espera para a doação?
São pessoas que estão numa lista única, a doação geralmente fica entre estados um possível doador do Rio Grande do Sul e um possível receptor do Rio Grande do Sul, até pela compatibilidade de tempo, pois o transplante tem que ser rápido se não tiver ninguém no Rio Grande do Sul compatível então vai para outro estado. A lista é uma lista única com
1º, 2º, mas se a pessoa que estiver em primeiro lugar não for compatível então vai para o segundo, não quer dizer que quem está por primeiro da lista vai ser o primeiro a receber a doação, criança e casos de urgência têm prioridade. Para ser compatível se verifica tamanho, peso e são feitos vários exames. A lista do ano passado tinha 59 mil na fila só aqui no Rio Grande do Sul eram 5 mil.
E como é feito o diagnóstico da morte encefálica?
O diagnóstico da morte encefálica é muito seguro, tem um exame clínico, um exame de imagem, que comprova que não tem fluxo sanguíneo nenhum. Morte encefálica é diferente de coma. O coma pode ser efeito da medicação ou coma normal, mas nesses casos o cérebro não está morto a pessoa que está em coma tem fluxo sanguíneo. Só esta em morte encefálica o paciente que esta sem medicação sedativa mais de 24 horas e não tem fluxo sanguíneo. Do coma a pessoa pode voltar, mas de morte cerebral não. A gente tem muito desse mito porque vemos o paciente quente com o
coração batendo e corado.
Quais ações a Fundação Hospitalar Santa Terezinha realiza para a divulgação da doação de órgãos?
A FHSTE tem a Comissão Intra Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT), ano passado tivemos um ano bem atuante fizemos palestras em empresas, escolas tanto para professores como para
alunos, temos uma parceria com a polícia rodoviária estadual e federal onde em feriados nós fizemos à campanha, pois nos feriados aumenta o número de acidentes de trânsito e as principais vítimas que podem ser doadores são os acidentados. Então se as pessoas puderem conversar sobre isso e viajar de forma mais consciente, pois quando entregamos o folder eles ficam mais apavorados. A Secretaria da Saúde nos ajuda quando há eventos na esquina democrática, ou na praça sempre participamos, também participamos de um evento da CONPAI das igrejas evangélicas que teve ano passado.
Também fazemos treinamentos dentro do hospital, participamos da integração com os funcionários novos e no dia 27 de setembro que é dia mundial de doação de órgãos realizamos a semana de doação de órgãos com uma programação voltada para isso.
Como é feito o processo de doação?
Quando se abre o protocolo de doação de órgãos e o médico nos avisa que tem um potencial doador na UTI, nós ligamos para a central de transplantes do estado que é a que nos rege e informamos que estamos abrindo o protocolo. Lá eles pedem vários dados e a partir daí vão vendo um possível receptor. No hospital não temos nenhuma equipe que retire órgãos, precisamos de uma equipe que venha retirar. Essas equipes que retiram têm todo um treinamento elas vêm de Porto Alegre ou Passo Fundo, eles ocupam nosso bloco cirúrgico, a enfermagem, o médico anestesista e
o médico cirúrgico que auxiliam são nossos, mas a equipe vem de fora.
Tendo a comprovação da morte cerebral avisamos a central de transplantes e mandamos os exames de sangue e vários outros exames. Então eles nos ligam pedindo se a família aceitou ou não. Conversamos com a família se a família aceitar eles encaminham a equipe para vir retirar.
E quanto tempo dura o órgão depois de retirado do paciente?
Tem órgãos que duram em torno de 4 a 6 horas, por exemplo, o pulmão e o coração são dois órgãos que duram de 4 a 6 horas fora do corpo, então dificilmente uma equipe que vem de fora vem captar coração aqui.
Para cada órgão há uma equipe tem uma equipe especializada em retirar coração, outra para pulmão e outra para fígado. Como somos uma cidade do interior é muito arriscado e leva muito tempo para vir aqui retirar o coração. O que mais se retira aqui são fígado, rim e válvulas cardíacas. Os órgãos que mais duram são o fígado em torno de 12 a18 horas e o rim de 24 a 36 horas.
Dá para doar em vida parte do fígado e parte do pulmão, se tem alguém da tua família que precisa de um fígado tu vais lá e faz exame para ver se tu és compatível geralmente é entre família. Aqui temos o caso de uma menina que faz hemodiálise que o namorado deu compatível mais é muito difícil não sendo consanguíneo.
Qual é a principal causa de não haver a doação de órgãos?
A principal causa da não doação de órgãos é a negativa familiar, não é nem a contra indicação médica. A maior causa é a negativa da família e a família sempre nos diz que "ele nunca nos falou se quer ou não ser doador".
Com que idade o paciente pode ser doador?
De 7 dias de vida até 80 anos
Qual a importância das palestras que a CIHDOTT está fazendo?
As pessoas têm várias dúvidas e muitos mitos sobre esse assunto, por isso nós fizemos estas palestras para tirar dúvidas e para informar, pois ainda falta informação sobre isso. E nas escolas as palestras têm grande importância, pois os adultos geralmente já têm uma ideia formada e não mudam, mas com as crianças nós podemos construir uma idéia.
Qual é o contato para uma escola, grupo ou empresa que quiser uma palestra ou tiver dúvidas sobre o assunto?
Basta entrar em contato no telefone do Hospital 3520-2100 ou 3520-2220 e por e-mail psicologiac@hospitalsantaterezinha.com.br ou cihdott@hospitalsantaterezinha.com.br.