Prefeitura Municipal de Erechim - Resistência a Ditadura nos anos de 1964 e 1965 foi tema de palestra

https://pmerechim.rs.gov.br//noticia/950/resistncia-a-ditadura-nos-anos-de-1964-e-1965-foi-tema-de-palestra

04/09/2007

Resistência a Ditadura nos anos de 1964 e 1965 foi tema de palestra

Resistência a Ditadura nos anos de 1964 e 1965 foi tema de palestra

Resistência a Ditadura nos anos de 1964 e 1965 foi tema de palestra
Resistência a Ditadura nos anos de 1964 e 1965 foi tema de palestra
    Dentro do Projeto Divulgando Monografias do Arquivo Histórico Municipal, foi apresentada na manhã de hoje (04), no subsolo do Castelinho, a monografia “História da Resistência à Ditadura em Erechim, Gaurama e Viadutos entre 1964 e 1965”, da acadêmica Carolina Detoffol.
    Durante sua palestra a acadêmica explicou que logo que iniciou a pesquisa sobre o assunto, percebeu a enormidade de fontes disponíveis. “Os arquivos do DOPS do Rio Grande do Sul foram abertos para análise ano passado. Localizado no Memorial do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, uma sala abriga o Acervo da Luta Contra a Ditadura. Ali, foi possível localizar inúmeros documentos e inquéritos policiais militares (os famosos IPM’s) referentes às pessoas que compunham o quadro dos resistentes na região. O passo seguinte se deu no Arquivo Histórico Municipal de Erechim Juarez Miguel Illa Font, no qual, pesquisamos o Jornal “A Voz da Serra”. Além dos documentos obtidos, as entrevistas feitas por nós em Erechim, Gaurama e Viadutos com pessoas que vivenciaram esses momentos foram valiosíssimas para a reconstituição da história no aspecto da resistência”.
    Segundo Carolina Detoffol os jornais analisados permitiram uma clara noção a respeito da importância de um personagem em especial: o Comandante do Destacamento Volante da Brigada Militar, Senhor Gonçalino Cúrio de Carvalho. Durante os anos de 1964 e 1965, o truculento Coronel foi o responsável pela repressão em nível regional, e dessa forma, cometeu arbitrariedades, barbaridades, selvagerias, atrocidades e crueldades. “Foi possível através deste estudo, perceber algo que não era parte de nosso objetivo e problemática. A complexa e intrincada rede de informações que vigorava no período em questão. Não imaginávamos o nível ao qual poderia chegar essa “teia” entre os militares e a direita civil. Foi, portanto, surpreendente seu resultado”.
   Ela salientou que foi triste constatar a dificuldade encontrada por pessoas, de exteriorização e verbalização de suas respectivas vivências e experiências relacionadas com o período. “Tínhamos a expectativa de uma “explosão de revelações”, e nos depararmos com receio, cuidado e temor diante da desconfiança de um retorno desses anos difíceis, da parte, sobretudo, dos mais esclarecidos. Alguns chegaram a afirmar em forma de questionamento “você sabe em que terreno está pisando?”, “nada é certo, nada está definido”, “a gente não sabe o que pode vir a acontecer depois”, demonstrando as memórias ainda reprimidas”.
    Os depoimentos dos entrevistados consentem notar que a resistência confinada à Região existiu de fato. “Há muita gente que tem idéias equivocadas a esse respeito, pensando ser os anos do “milagre”, anos de “progresso”, anos de “ordem”. Esquecem que o “milagre” foi falso, a ordem foi matar, torturar, perseguir, censurar, e o progresso se resumiu no desmoronamento das certezas, na confusão de valores e no mal-estar social. Acreditamos então que nosso papel enquanto futuros professores e cidadãos, deva ser voltado para “que ninguém esqueça e, que nunca mais aconteça”.
    A apresentação do trabalho poderá ser apreciada por toda a comunidade, e a monografia ficará no Arquivo Histórico Municipal para pesquisa do público em geral.